E uma leve brisa bate em meu rosto, minhas bochechas queimam e meus pensamentos viajam mais que o comum.
Me ajeito na manta.
Manta a qual faz parte da história da minha família.
Quantas e quantas gerações já se abrigou do frio entre essas grossas listras de lã?
Penso mais um pouco.
Tomo um pequeno gole do quente café.Um café que só minha avó sabe preparar, Sinceramente que parece ser bem mais que água,pó e açúcar. Sinto que há carinho de uma velha senhora. De velhas histórias. De velhas sensações.
Observo as gotas que caem perto de mim. Como é estranho sentir algo tão frio e molhado , cair sobre você , quente e aconchegante.
Me movo de lugar. Arrasto o cadeirão um pouco mais longe daquelas gotas.
Nisso,avisto de longe meu avô acompanhado por Bob.
Bob é um velho cão de meu avô.
Neste momento ele corre sem temer a chuva. Sem temer a água ou uma suposta gripe.
Acho, que, em certas situações se as pessoas fossem igual a Bob,seriam mais felizes,ou melhores.
Bob é fiel. Mas nem sempre foi assim,me lembro claramente de quando ele não ainda não sabia oque era limites.Mas com o tempo, assim como nós Bob aprendeu.
Então perco vovô e Bob de vista.
A única coisa que se remete aos meus olhos são os campos a qual cercam o sítio.
Campos de tal graciosa imensidão.Muito extensos.Acompanho apenas o que meus olhos me permitem acompanhar.
Quem me dera,poder sair correndo por esses campo um dia, sem ter direção ou onde ir.
Mas não posso. Se mamãe descobre esse tal pensamento acho que ficaria muito constrangida comigo.
Ela fala que eu imagino demais e que tenho que viver com a cabeça na realidade.
Seguro a manta.
Não me lembro de ventar tanto desse jeito por aqui.Creio que o tempo esta para mudar mesmo.
As folhas fazem festa.Parecem pequenas lindas bailarinas em uma primeira apresentação. Dançam com nervosismo, mas não perdem a graça, e acompanham com uma ligeira sincronia como se acompanhassem uma melodia.
Mas a unica musica que posso ouvir neste momento é o canto dos pássaros.
Eles cantam como se não houvesse o amanhã. Mas isso não faz nenhuma diferença a eles.
Pra eles viver cada dia, cada instante é o essencial. O natural.
E a noite vem chegando.
Vem vindo gradativamente, trazendo com ela uma linda mistura de cores frias no céu.
É como se um grande pintor tivesse passado por ali, pintado sua obra e tivesse esquecido de levar.
Podemos observar cada traço, todo calculado, bem feito.
Não há perfeição maior do que a mãe natureza faz.
Bem.......
O café acabou.....
A noite chegou.
E eu acho que vou entrar.
Mas não importa quantos dias passem.....
O vento ainda passa.....
e vai com ele meus pensamentos levar.
